Reflexões ao 2º Relatório de Transparência Salarial do MTE: A luta das mulheres pela igualdade salarial

*Por Sabrina Almeida

Nesse último mês de setembro, o debate sobre a presença feminina no mercado de trabalho, especialmente em cargos de liderança, ganhou força nas redes sociais após declarações de Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi e atpe então CEO da G4 Educação. Sua fala, criticada por desvalorizar o papel das mulheres como líderes, gerou indignações e reações de grandes empresárias, como Luiza Trajano, CEO das redes de varejo “Magazine Luiza”, e trouxe à discussão a questão pertinente da desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

O episódio traz a reflexão sobre realidade de muitas mulheres que enfrentam um longo caminho para ascensão profissional. No Brasil, a luta pela igualdade salarial e pela presença feminina em cargos de liderança continua sendo uma batalha extensa e árdua. O 2º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado em 18 setembro de 2024 pelo Ministério do Trabalho e Emprego reforça essa temática, pois concluiu que: as mulheres ganham, em média, 20,7% menos que os homens nas empresas com mais de 100 (cem) funcionários.

Além disso, a diferença salarial se agrava ainda mais em cargos de direção, onde as mulheres recebem 27% menos. Em funções de nível superior, a disparidade chega a 31,2%, o que reflete que apesar dos avanços e da conscientização do empresariado, as mulheres continuam lutando por espaço e reconhecimento em ambientes corporativos que historicamente são dominadas por lideranças masculinas.

O posicionamento do CEO trouxe à luz estereótipos já ultrapassados sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho e a vida pessoal. Apesar da sua fala impertinente, a realidade é que muitas mulheres desempenham papéis fundamentais nos seios familiares como chefes de família, como destaca a literatura: “a mulher é colocada como um elemento agregador imprescindível, sem o qual a unidade familiar não sobrevive (Favaro, 2007)”. No entanto, sofrem diariamente com o desemprego e a desigualdade salarial, tendo o seu impacto ainda maior quando comparado a mulheres de baixa escolaridade e negras.

Nesse sentido, a disparidade salarial entre gêneros não só prolonga a desigualdade, mas também restringe o acesso das mulheres a oportunidades de crescimento profissional e financeiro. A Lei 14.611/2023 (Igualdade Salarial), e o recém-lançado “Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens” visando reduzir esse impacto, trazem 79 (setenta e nove) ações focadas na inclusão feminina em diversas áreas.

É preciso reconhecer que os avanços são possíveis e dependem do esforço de toda a sociedade para rechaçar os preconceitos e discriminações de gênero. Ainda, é essencial que as empresas e lideranças atuem de forma inclusiva para a eliminação das disparidades e construção de um mercado de trabalho com maior inclusão feminina, tudo isso sem deixar de lado os múltiplos papéis que as mulheres desempenham com maestria, como: amigas, esposas, mães e profissionais.

“Não há limite para o que nós, como mulheres, podemos realizar.”Michelle Obama.