*Por Sabrina Almeida
Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se uma grande ferramenta tanto para trabalhadores quanto para empregadores na mobilização de movimentos coletivos. As plataformas como Facebook, Twitter, WhatsApp e Instagram revolucionaram a forma como a comunidade interage e se organiza, especialmente por facilitarem a comunicação direta e rápida.
No que diz respeito ao tema, é importante destacar que as redes sociais permitem a facilidade na comunicação possibilitando com maior rapidez a organização de ações como greves, protestos e campanhas de conscientização, além de alcançar muitas pessoas em um curto espaço de tempo. Por essa razão, cada vez mais, essas ações tendem a substituir as reuniões tradicionais no famoso “chão de fábrica”.
Elas também proporcionam um espaço para discussão das condições de trabalho, compartilhamento de experiências e planejamento de ações de forma organizada. Esse fenômeno, conhecido como “movimentos digitais”, envolve a criação de hashtags de repúdio, o compartilhamento de conteúdo e outras formas de manifestação digital para expressar a oposição a práticas trabalhistas a qual a classe entende que possa ser indesejada. Ao reconhecer a importância dessas iniciativas, percebemos que esses canais são extremamente válidos não apenas para os trabalhadores, mas também para os sindicatos patronais. A indústria, por exemplo, pode se beneficiar significativamente do uso dos recursos tecnológicos atuais.
Dessa forma, os sindicatos patronais ganham um papel importante no acompanhamento da sociedade moderna, pois tendem a buscar a constante expressão das classes obreiras, bem como dos interesses patronais, de forma a contribuir significativamente ao compartilhar informações através da divulgação de notícias e atualizações sobre legislações e negociações coletivas, organizar e promover campanhas sobre temas relevantes na indústria, como: inovação, produtividade, segurança e medicina do trabalho, além de outras práticas.
As ferramentas digitais vieram para ficar e são um recurso capaz de amplificar as vozes dos trabalhadores e empregadores, especialmente no que se refere ao acompanhamento das movimentações coletivas. Para os trabalhadores, isso significa maior acesso e oportunidades de interação em campanhas que podem impactar positivamente suas condições de trabalho. Já para os empregadores, permitem monitorar as opiniões e preocupações dos empregados, contribuindo a forma de identificar as insatisfações das classes e sobretudo a prevenir conflitos, com uma resposta mais assertiva às mudanças no mercado.
Ressalte-se, porém, que esse fenômeno não é algo novo, apesar de muito negligenciado por boa parte das empresas até hoje. Segundo o professor Marco Antônio de Almeida, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, o caráter ativista esteve presente desde os primeiros passos dados pela internet. “Desde o início já há essa característica de pessoas mobilizadas, inclusive para garantir que a internet seja um espaço aberto e livre”, aponta. Foi com o tempo que o ambiente digital também passou a ser um instrumento para a mobilização de movimentos “off-line”.
Por fim, o poder das redes sociais na mobilização e organização de movimentos coletivos é inegável, pois representam o atual movimento na mobilização das classes, considerando que elas não somente detêm o condão de transformar o modo como empregados e empregadores interagem, mas também ampliam o alcance desses grupos de forma significativa e abrangente, sendo capazes de fortalecer as relações de trabalho e promover avanços significativos nas condições laborais e na conscientização sobre diversos temas.